VOLTAR
20.10 - ZERO HORA

Jornal Zero Hora

De empacotador a empresário

O presidente da rede de lojas Elevato, Irio Piva, tem orgulho de dizer que em sua família de nove irmãos ninguém é empregado, todos são empreendedores. E está no âmbito familiar a receita de uma companhia destaque no cenário gaúcho no ramo de material de acabamento para a construção civil. Nascido em Cacique Doble, Piva nunca teve medo das dificuldades. Desde pequeno, precisava caminhar cerca de seis quilômetros todos os dias para ir à escola. O desejo de se aperfeiçoar fez com que ele se mudas-se para Porto Alegre na adolescência. 0 primeiro emprego, que durou 11 anos, foi em uma grande rede de material de construção. Passando por vários cargos, desde empacotador até gerente de marketing, o descendente de italianos se considerava “o sujeito da cadeira ao lado”, ou seja, sempre disponível e pronto para ajudar. — Pensava como se fosse o dono da empresa, procurando tratar os clientes da melhor forma — recorda. Com a experiência no segmento, Piva identificou uma oportunidade de negócio no final da década de 1980.
A empresa começou com a aquisição da loja Bemardoni Azulejos, do árbitro de futebol Airton Bernardoni, localizada na Avenida do Forte, na Capitai. Piva investiu US$ 11 mil, metade à vista, e começou a pensar em uma nova marca. O nome tinha que ser em italiano, por causa de sua ascendência, não repetir o sobrenome da família, ser fácil e positivo. Após inúmeras consultas ao dicionário de italiano, separou oito opções e acabou chegando ao nome Elevato, que significa elevado, alta. O empresário decidiu trabalhar com produtos voltados à classe média alta. O segmento, por coincidência, lhe trouxe a principal dificuldade da Elevato em 25 anos de história, comemorados em setembro. Em 1995, cerca de 60% dos produtos eram vendidos a construtoras da Capital, que intensificavam os lançamentos imobiliários. Uma crise atingiu algumas empresas, como a Encol, e os negócios sofreram um forte revés, fazendo Piva lembrar de um conselho: — Meu pai sempre dizia que uma das coisas mais importantes é não perder o crédito. Com base no relacionamento sólido mantido com fornecedores, a Elevato conseguiu ampliar prazos de pagamento e se reerguer. O empresário lembra que um dos fornecedores — de banheiras — concedeu crédito equivalente a um mês de faturamento

O DIFERENCIAL CHINÊS
A Elevato cresceu nos anos seguintes a maior crise que enfrentou, na década de 1990. O segmento de porcelanatos recebeu atenção especial. Sabendo que a China tinha boas referências no produto, Piva contratou um chinês que morava em São Paulo para visitar fábricas naquele país. Do trabalho, saíram alguns dos principais fornecedores da empresa. — Conseguimos um produto superior ao existente no mercado e com bom preço, pois eliminamos os intermediários — afirma. Atualmente, a Elevato conta com sete lojas, quatro na Capital e as demais em Camaquã, São Lourenço do Sul e Pelotas. Em 2009, associou-se à Tapesul, de pisos e revestimentos. Também adquiriu uma franquia da empresa paulista Leo Madeiras, de insumos para marcenaria e indústria de móveis. Para o próximo ano, deve concluir a reforma já em andamento na filial da Zona Sul de Porto Alegre, e projeta uma nova loja no Litoral, provavelmente em Xangri-lá. Rio Grande também está na mira da empresa. Embora não exporte, a Elevato enviou produtos para fora do país, há 10 anos. Um grego que morava em Santana do Livramento abriu um hotel na Ilha de Creta e decidiu equipá-lo com a ajuda da loja. — Foram cinco contêineres, um negócio de cerca de US$ 300 mil — recorda o empresário.